Resumo: Trillions (Robin Wigglesworth)

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O livro num parágrafo

No cativante Trillions: How a Band of Wall Street Renegades Invented the Index Fund and Changed Finance Forever, Robin Wigglesworth relata a história do nascimento do investimento passivo, dos fundos de índice e dos ETFs. A novela transporta-nos numa viagem desde a Universidade de Chicago até aos impérios da BlackRock, Vanguard e State Street, e é uma leitura muito interessante para os apaixonados da história dos mercados financeiros.

As personagens

O autor começa por listar as principais personagens desta história, indicando também o contributo de cada uma para a inovação financeira descrita. Estas personagens dividem-se em dois grandes grupos: académicos e investidores.

Os académicos

Os académicos representam um conjunto de professores universitários que desenvolveram teorias de ciência económica e mercados financeiros. Estes professores comprovaram progressivamente que a rentabilidade líquida média de fundos de investimento passivo é superior à dos fundos de investimento ativo. Quase todos estes académicos receberam o Prémio Nóbel da Economia:

Os investidores

Os investidores representam um grupo heterogéneo de personalidades que converteram a teoria em prática, criando os primeiros fundos de índice, os primeiros ETFs e popularizando estes produtos de investimento como substitutos dos tradicionais fundos de investimento ativo:

A história

Podemos pensar que o investimento passivo começou com o lançamento do fundo Vanguard 500 em 1976 (um fundo que replicava o S&P500), mas na verdade tudo começou seis anos antes, quando a empresa de bagagens Samsonite pediu à Wells Fargo que investisse 6 milhões de dólares do seu fundo de pensões num fundo que replicasse o desempenho de todas as ações da bolsa de valores de Nova Iorque. Esta experiência fez que com que outras instituições financeiras (Batterymarch Financial Management e American National Bank) e empresas (AT&T, Illinois Bell, Ford, Exxon) decidissem copiar a estratégia, criando o mote para o nascimento dos fundos de índice.

Contudo, o arranque dos fundos de índice não se revelou tarefa fácil. Em 1976, a Vanguard percorreu os Estados Unidos na esperança de angariar 200 milhões de dólares para o seu primeiro fundo do S&P500, mas conseguiu obter apenas $14 milhões. No entanto, o tempo deu razão aos fundos de índice, com os seus menores custos a deixarem os investidores passivos com mais dinheiro no bolso do que os investidores ativos.

Desta forma, os fundos de índice foram progressivamente crescendo e, em 1993, a State Street Global Advisers lançou o primeiro ETF dos Estados Unidos da América, o SPDR S&P 500 ETF trust. As gigantes BlackRock (que em 2009 adquiriu a iShares ao Barclays, que por sua vez havia adquirido o negócio à Wells Fargo) e Vanguard seguiram-se à State Street, e expandiram a sua oferta de ETFs com outros produtos que replicavam também o desempenho de bolsas internacionais ou pequenas empresas (Small Caps), chegando ao império que têm atualmente. Robin Wigglesworth escreve também sobre fornecedores de ETFs dedicados a nichos de mercado, como a Dimensional Fund Advisors, que conta com muitos dos académicos da Universidade de Chicago na sua direção, e a Christian Wealth Management, que vende ETFs alinhados com os valores cristãos, fazendo ver que ETFs podem também ser utilizados para estratégias de investimento menos passivas.

Desafios atuais

ETFs e fundos de índice superam já os 10 triliões de dólares de ativos sob gestão, e boa parte deste montante está concentrado em apenas três empresas: BlackRock, Vanguard e State Street. O último terço do livro aborda desafios e problemas reais, que resultam do enorme sucesso destes produtos financeiros e da concentração de poder num tão reduzido número de casas de investimento.

O maior dos problemas é o poder de voto que resulta desta gigante concentração de capital. BlackRock, Vanguard e State Street são já a as principais accionistas de várias das maiores empresas norte-americanas, o que faz temer que as mesmas possam exercer influência sobre políticas normalmente reservadas a governos democraticamente eleitos. Outros problemas abordados incluem o risco de concertação de preços por parte de empresas que são detidas pelos mesmos accionistas (embora não haja evidência disso e tal seja punível à luz das leis antitrust), bem como a perda de biliões de dólares de receitas por parte da indústria financeira, que podem colocar em causa a qualidade dos relatórios de investimento produzidos ou a sustentação de todo o ecosistema dependente da banca de investimento.

Conclusão

O livro relata de forma cativante as principais inovações financeiras dos últimos 50 anos, contando-nos a história que resultou na transferência de biliões de dólares dos bolsos da banca de investimento para o pequeno investidor privado. É uma leitura muito interessante, que destaca as contribuições de cada indivíduo que permitiram chegar até aos produtos de investimento disponíveis nos dias atuais. O autor consegue um bom equilíbrio entre listar os benefícios do investimento passivo e abordar os desafios e problemas resultantes do mesmo.

Este não é um livro para quem está a dar os primeiros passos e quer aprender a investir. É um livro para quem gosta de investir com base na ciência existente e tem um interesse pessoal em história e em mercados financeiros.

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